A vida que eu inventei escrevendo

EXIGÊNCIAS DO AMOR

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 Eu não precisava te ver, nunca mais, porque saber que você existia doía e saber que você existia a um milhão de km de distância doía menos. Agora saber que você existe e que cruza comigo nas ruas é quase fatal. Eu estou tentando levantar as coisas aqui, sabe aquela bagunça que você deixou? Estou tentando arrumar, você não tem ideia do que fez até porque não fez por mal. Sem atribuições culposas, você só fez!
 Um olhar perdido em uma fração de segundos foi tudo que tivemos dessa vez, depois de meses olhando um ao outro dormir, o peso na consciência pelo abandono não segurou nossa conexão visual por mais de 2 segundos. Você que tanto falava, que tanto exibia ao mundo seu QI, desta vez engoliu toda e qualquer palavra. O cimento no buraco do meu peito trincou, porque eu senti o maior chute no estômago e quis vomitar.
 Seus olhos mornos morreram e eu quis chorar muito por este luto. Mas eu só perdi a cor enquanto você lentamente passava, com toda sua falta de tamanho, com tanta sua falta de amor, com toda a sua falta. E eu quis chorar porque eu senti cada pedacinho de carne do meu corpo desprender e querer sair do meu corpo.
 Fantasiei tanto a sua volta que agora que te vi, tão sem tempo, tão sem amor, tão sem tamanho, tão sem voz, eu percebi que não era você, não mais. Não tenho mais olhos arregalados de criança assustada, abriu-se espaço para olhos melancólicos pela espera.   Todo mundo sabia e sabe de você, porque você foi parte de mim e agora que voltou a metade que te preenchia não era mais eu. Eu perdi o espaço no seu coração e você perdeu o tamanho, o tempo, o amor...
 Eu tenho uma dor absurda no peito, e talvez eu nunca mais consiga te ver sem sentir o chute na boca do estômago, porque você me estragou. A gente meio que deu errado, e eu fui o lado que queimou no final das contas. Agora você vai pegar o carro e voltar pro seu mundo, pro seu trabalho, pra sua casa, pra sua cidade, pra você. E eu volto pra isso, eu volto para os dias que prometem sua ausência e durmo sozinho com as noites que cumprem isso.  

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