A vida que eu inventei escrevendo

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                          O LUTO


 Os dias aqui têm sido nublados e sem cor alguma, você roubou desde o meu céu azul até o verdinho da grama que tinha na porta da minha casa. Eu caminho pelas ruas à noite tendo o céu como teto, mas esse céu não tem mais estrelas, você roubou todas elas e agora as minhas noites são mais escuras e difíceis do que eram antes. O frio que eu sinto não é uma relação com a temperatura, é um frio na alma, é um sopro gelado que sussurra em meus ouvidos que a ausência é a persistência humana em manter coisas que elas não possuem mais. Viver agora é pesado, mas ninguém vê isso, Deus sabe que eu estou tentando ser forte, mas se existe uma força que move o mundo e que está o tempo todo me levando e trazendo você, essa força é o amor. É como as ondas no mar, mas até elas perderam o som desde que você se foi, posso dizer que eu me sinto envelhecido.
 Os meus amigos acham que eu sou a pessoa mais sortuda do mundo, mas que sorte é essa? Eu perdi! Você nunca faria uma aposta em mim, pois eu perderia, eu sou um perdedor e olho pros céus agora já sem cor, sem sol, sem vida e pergunto que maldita sorte é essa?
 Quando a noite cai, eu já sei que vou te encontrar, porque o desejo é um grito de uma alma desesperada, e um grito no vácuo. É como se o tempo voltasse e a foto desbotada ganhasse vida, você sai do inanimado e volta pro mundo real. E eu posso sentir sua respiração e seu cheiro novamente, você diz que vamos colocar as coisas de volta no lugar e eu digo que vamos permanecer porque somos quebra-cabeças que se encaixam perfeitamente. Eu te falo sobre a falta que me fez e você responde com a falta que nunca mais fará e a sua mão na minha mão... A amanhã te parte em dois, foi tudo tão real para mim. Mas eu sei bem que nada disso é verdadeiro que toda vez que pego no sono eu estou na verdade dormindo com o seu fantasma. 
  Não posso mais escrever para você, porque eu não sei seu endereço, você desapareceu diante dos meus olhos. Me pego pensando quem é ele agora? Se ele tem o mesmo amor que eu tenho, o mesmo beijo, o mesmo toque, ele não sou eu. Eu queria poder amaldiçoar seu coração até você implorar para que ele se torne eu novamente. Entretanto a quem realmente eu mal faria?
 Encostado nesse limbo que dizem ser minha vida agora, eu espero você, eu olho em direção ao horizonte esperando você voltar, eu olho da minha janela e o céu azul foi embora. Foi embora junto com tudo que a gente construiu. A nossa cidade de areia agora foi engolida pelas ondas do mar, enquanto o sol lentamente se recolhia ao fundo e as primeiras estrelas começaram acordar, pouco a pouco eu me via afundando, pouco a pouco eu me via apagando, pouco a pouco a vida ia se desprendendo de mim. A vida costumava ser o meu palco e agora eu estou saindo de cena, agarrado a você como um último suspiro de vida eu te eternizei na minha agonia e recorrer a você se tornou algo extremamente infeliz.


                              O LUTO: O QUE RESTOU DA VIDA


  Eu me NEGUEI a aceitar que você não voltaria nunca mais, o que fazer agora? O que sobrou dessa vida infeliz que terei de carregar para onde eu for sozinho? Pra quem eu ligo quando o mundo desabar? Então eu me nego. Nego o amor que lhe atribui. Nego a sua ausência. Nego que vou conseguir e, ainda pior, nego que exista vida depois disso. Canteirinho de flores-de-amor que você fez questão de pisar e amassar. Me nego a te libertar.
  A RAIVA consome todo o meu ser, como pude ser assim tão tolo, que tipo de vida é essa que estou levando? Rasguei todas as fotos, cartas e bilhetes de cinema. Mil amores em torno do globo e logo o meu foi amaldiçoado, a vida simplesmente não é justa. Hoje simplesmente eu te odeio mais do que qualquer outra porcaria da minha vida.
  Depois de um longo tempo nessa estrada para lugar nenhum, te odiando simplesmente porque não conseguia mais te amar. Arrependi-me, BARGANHEI-me. Eu venderia todos os meus amanhãs só por um ontem seu. Dizem que as fotos são as formas seguras de eternizar sorrisos, porém eu trocaria mil fotografias minhas por apenas mais uma conversar com você.
  Você tirou o gosto que a vida tinha, não sinto mais cheiro, não vejo mais cor ou escuto seja lá o que for. Não sinto fome, sono ou felicidade. A raiva foi decorrente e passou. Provavelmente sou o único morto que pode caminhar, eu estou me sentindo mal, li em algum lugar que só pode ser uma coisa: DEPRESSÃO. Talvez eu esteja um pouco triste, mas do que vale toda essa dor se você não está aqui para validar esses dias. As horas têm sido pesadas e eu repasso em minha cabeça todas as conversas que tivemos, eu sei bem onde eu errei e não faço à menor ideia de como voltar atrás.  Continuo repetindo seu nome como um mantra, a vida perdeu o sentido e eu sou um náufrago desse mar de amor que eu fiz e no mesmo estou-a me afogar.
  Como o prometido eu morri, mas como já era de se esperar eu voltei à vida. ACEITEI o meu destino, peguei impulso do fundo do poço e agora eu acredito que as coisas acontecem com um propósito. Afinal, essa é a vida! Tudo tem um propósito, você foi à melhor coisa que me aconteceu em anos, mas devo lhe alerta que não é a única. Não importa o quão baixo eu me encontre, sempre voltarei pra mais. Chega de velar esse amor, está na hora de enterrar-lo. Assim sendo, descanse em paz a gente se cruza no outro lado. Porque a vida vale mais à pena quando se está vivo nela.

CONCLUSÕES FINAIS: O QUE RESTOU DA VIDA AFINAL? (AMAR AMOR, AMOR)

 Abri as janelas da alma e vi ao longe algo nascer. Nascer junto ao sol e flores era amar, amor, amor. Toda a dor escoou pelo ralo do esquecimento e me vi emergir de toda aquela lama. A vida gritou meu nome e eu não pude ignorar isso, tirei toda a armadura, afinal você nunca quis um cavalheiro. De alma e coração eu me apresentei diante do desafio e decidi recuperar todo o tempo perdido em nome de amar amor, amor. A noite cai e eu já não me sinto tão sozinho como antes, eu caminho pelo céu colhendo estrelas para iluminar meu caminho, toda aquela escuridão se dissipou graças ao amar amor, amor. Abriu-se um buraco no meio do cosmo e me resgataram de toda aquela lama, que tipo de pessoa faz isso? Salvou-me no final das contas, fez por quê? Será que é amar amor, amor?
 Você segurou bem firme minhas mãos e eu jurei nunca mais soltar, em nome do que senti, em nome do que você salvou e mim, por muito tempo eu andei finalizando as coisas e ninguém estava finalizando a mim, mas eu fiz tudo em honra ao amar amor, amor. É muito difícil colocar em linha o que eu senti, o animal em mim voltou à vida e eu percebi que toda aquela dor era só um aquecimento para o real sentimento entrar.
  Quem me viu e quem me vê. Quem te viu e quem ainda quer te ver. Olha, achei a peça do quebra-cabeça que estava faltando e eu estou completo. Não posso te prometer que todos os nossos dias serão ensolarados, mas se depender de mim, mesmo com o céu nublado, eu irei buscar o sol. Escalaria o Everest só para te ver, espero que saiba que quando sua mão está na minha eu sou capaz de qualquer coisa. Porque gostar deixou de ser sexta à noite e virou manhãs de domingo, então desligue o celular e não vá trabalhar, fique na cama comigo, que seja essa calmaria toda amar amor, amor.
  Você mapeou com a palma da mão cada centímetro dos meus ombros e eu encontrei o lugar mais quente das suas costas. Foi quando eu percebi que a mesma coisa que tentou me tirar do jogo, estava me salvado no final das contas, o amor. Quando eu te encaro eu não tenho mais dúvidas, o universo se alinhou, e eu estou pedindo em nome do amor, só dessa vez me ponha em primeiro lugar. Celular desligado, coração disparado, e um pouquinho de você misturada na minha vida. Diga a todos os artistas plásticos contemporâneos que a obra mais linda de todas vem aqui em casa sábado me levar para sair e o nome dessa arte toda? Só pode ser: amar amor, amor. 

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