A vida que eu inventei escrevendo

COMO ESTRAGAR A PESSOA AMADA COM APENAS DOIS ENCONTROS

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Se o amor fosse uma corrida eu teria medalhe de ouro, se o primeiro lugar fica com quem se apaixona primeiro, o prêmio sempre seria fácil, meu. Antes do tiro de largada eu já estou com a faixa de chegada nas mãos, incrível. Simplesmente incrível como eu estou sempre sentindo mais que todo mundo. Eu coloco sempre intensidade onde não tem, sempre por ai subtraindo zeros, vivendo uma matemática leiga. Olho pro céu e pergunto “puta que pariu, mas de novo isso?” De novo apaixonado antes do tempo, de novo escrevendo textos antes do tempo, de novo sofrendo antes do tempo, de novo sentado na calçada olhando pro nada, de novo imaginando eu na sua vida, de novo te colocando na minha vida, de novo você salvando o dia, de novo eu dormindo com esse nó na garganta e de novo essa paranóia que me impede de viver. PUTA QUE PARIU de novo?
Não sei nadar em águas rasas, pode ser um problema meu, mas esse papo de barriga na areia e quebrada de onda na cabeça não é minha praia. Isso justifica o “por que sempre?”, tão sempre, toda vez, sempre mesmo, sou tão profundo. Porque no fundo a gente faz onda e provoca o mar, isolado, distante, tão, somente, tão só. E não pense você que eu boio, muito pelo contrário, sou tão intenso, tão denso, tão imenso, meu coração sempre tão cheio, carregado, que eu afundo. Faço tanto força pra estar sempre em cima e o mar faz tanto força me levando pra baixo que eu me canso rápido e mesmo assim me recuso a envolver em águas rasas, tenho medo de agarrar na areia e afundar, tenho medo de aceitar que não preciso fazer força e ficar ancorado.
Isso deve ser genético, alguém da minha árvore genealógica também foi assim, não é possível que seja eu o único fruto podre. Recuso-me aceitar todo o fardo de ser o único a sentir 25 horas por dia o peso do mundo. O mundo que me vira suas costas todos os dias, mas que eu continuo carregando.
Só por uma vez eu gostaria de desligar o celular depois do primeiro encontro, eu gostaria de dormir e acordar sem esperar nada, eu gostaria muito de poder ficar um dia inteiro sem ser procurado e aceitar numa boa. Mas isso é coisa de gente rasa, e eu sou intenso. Intenso pra caralho.
  O amor é céu, lá em baixo no mar estou eu, posso ver todos os amantes flutuando, pena eu ser tão pesado, sempre tão cheio e não consiga subir até vocês e voar também. Eu já aceitei minha função nessa vida, eu seguro todo o amor ruim aqui em baixo, todo peso e deixo todos vocês voarem ai em cima, eu carrego o fardo só pra ver todos vocês voarem. Eu sou um cais e vocês voam sobre mim, e cagam sobre esse cais, como um bando de Albatroz.
 Se o amor fosse uma corrida eu seria campeão mundial... Mas nunca se ouviu na história alguém ganhar medalha por “amor demais” e quer saber? Caguei pra isso tudo. Eu sou intenso pra caralho.

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