A vida que eu inventei escrevendo

NÃO SABE DE NADA MESMO , OU A ÚLTIMA CARTA DE AMOR, OU A ÚLTIMA VEZ QUE MEU CORAÇÃO BATEU

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Você nem sabe, mas eu deixei sua casa naquele dia apaixonado por você. Que loucura isso tudo, quem diria isso tudo, eu e você. Sério, não tem nada a ver. Você vive recitando esses autores que só gente Cult conhece mesmo. E eu bocejo. Eu leio alguma frase favorita e você revira os olhos. Eu sinto uma vontade absurda de segurar o mundo em minhas mãos e você insiste na tal calma que nunca me serviu pra porcaria alguma. Mas nada disso me impediu de sair do nosso último beijo querendo ficar.
 Eu não sei exatamente quando tudo isso começou, mas eu sei dizer quando eu percebi. Sei dizer o momento preciso quando você juntou sua testa com a minha, e eu quis ficar na sua casa pelo resto da eternidade, estava disposto ao “para sempre e mais um dia”.
 Eu tinha que te falar muita coisa, mas se você soubesse de tudo... Não sei, mas acho que não daria certo. Já não dá com o pouco que sabe, então... É melhor que você não saiba de nada mesmo.
 Você gosta de mim, eu sei, e muito. Eu gosto de você, você sabe, e muito. Não tem como não dar certo. Por isso eu decido deixar você saber. Não é fácil, eu não consigo, mas vamos lá, vou te contar tudo. Vou gritar pro mundo que meu coração achou um lar e não quer largar. Mas nem sempre as coisas funcionam como deveriam...
 Eu ainda espero você bater na porta do quarto, desde o dia que eu resolvi te deixar sabendo. Espero você voltar do banho e colocar aqueles sapatos, sandálias ou sei lá o que tão feinhos, mas que eu não deixo de gostar. Eu ainda estou cuidando do seu jardim porque eu sei que você irá voltar. Eu ainda estou lendo todos os autores e assistindo todos os filmes, pra gente ter o que conversar no final do dia. Era óbvio, lembra? A gente não tinha nada a ver. Uma pena que você também percebeu isso e resolveu terminar o negócio todo. 
 A culpa é mais minha do que sua, ou talvez eu só ache isso porque foi o que me restou, o jeito que interrompeu a minha pseudo-declaração, o jeito que ficou fora por dias, o jeito que eu descobri que não era mais o único. Eu queria muito botar o meu coração pra bater no ritmo do seu, mas se eu fizesse isso você teria uma parada cardíaca. A vida continua com, ou sem você. O maior clichê do mundo né? Mas ai vai à maior loucura de todas, com mais de 10 defeitos insuportáveis eu ainda consegui me pegar admirando a ponta do dedão feia e o trajeto longo até o fio mais descompensado de cabelo preto.
 Ainda não achei uma conclusão para essa situação, e nem uma lição final. Só o que sei é que eu deveria perder menos tempo confabulando e usar esse tempo todo vivendo. E você? Não sabe de nada mesmo.
 

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