Acostumado com meu jeito de amar coisas e poder desamá-las sem ressentimento ou culpa, descobri que o buraco ficava mais em baixo, ali na região do peito. Eu que tanto quis que todos os meus brinquedos amados ganhassem vida para me amar também, nunca desejei tanto que meus amores, agora reais, virassem bonecos e carrinhos que eu pudesse deixar em algum canto e pegar quando achar conveniente.
Com 15 anos eu achava o amor uma coisa boa, mas ouvia as pessoas falarem mal, que não era uma coisa boa e que o amor seria o meu fim. Entrei na vibe só para poder me enturmar. Mas na verdade eu não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. Era uma guerra e eu estava lutando nela, afinal lutando contra o que mesmo?
A primeira vez que meu corpo experimentou as reações do amor eu achei que fosse morrer. Que aquilo no meu peito iria sair correndo e eu me tornaria um buraco sem fundo e solitário. Da mesma forma que descobri que o amor era celestial acabei por descobrir que ele poderia ser infernal. Cai dos céus e bati com a cabeça no chão. Aquilo tudo que antes me fazia morrer agora me dava um motivo, o amor era uma proposta boa, era alguém vendendo bem o peixe, era eu comprando tudo e acabando sem nada.
Hoje em dia eu escolhi acreditar no amor, ainda compro peixes e assino contratos com propostas boas. Parei de brincar com carrinhos e comecei a brincar com pessoas, mas não me leve a mal, porque se você pudesse ver como eu amava brinquedos provavelmente iria querer virar um meu.
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