A vida que eu inventei escrevendo

Desaguar

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 Dizem que quando morremos passa um filme contando toda nossa triste e infeliz existência neste mundão de meu Deus. Pois bem, quando um amor morre acontece a mesma coisa. Você começa a ver cada detalhe e até mesmo as pequenas brigas te fazem sentir uma saudade absurda de tudo.
 Depois o filme para, e você começa a chorar, e chora, e chora e deságua. Mas é saudade precipitada, só você sabe a falta que vai te fazer. Cheio, estourando, na borda, então você transborda e chora. Não faz mal, nem é errado, é só seu jeito de dizer “ei, olha eu aqui, me nota, estou desmanchando”.
 Eu não sei o que te dizer, eu nem tenho o que dizer. Só desculpa mesmo.    Desculpa porque eu falhei em tentar fazer você me amar. Falhei em não dizer o que sentia e tudo que sentia. Falhei porque quando se ama se perde, e eu me perdi.
  Sabe aquele momento que você para e pensa “O que diabos estou fazendo com a minha vida?”. Estou me fazendo esta pergunta. Por que há uma necessidade inexplicável de te trancar num quarto e nunca mais te deixar sair? Por que eu não posso apenas deixar para lá e devolver todo esse sentimento de onde ele veio? Algumas coisas são tão injustas.
  Agora você sai de cena e me deixa neste palco montado por você, eu vou passar um bom tempo ‘vivendo você’ em todo lugar que costumávamos ir. Eu vou ‘viver você’ na droga da faculdade, eu vou ‘viver você’ na droga daquela padaria bacana, eu vou ‘viver você’ naquela viagem para Petrópolis. Eu vou ‘viver você’ para ser um fantasma seu por um bom tempo.
  Eu te idealizei e você apareceu, agora você está indo, e não existe nada que eu possa fazer, nenhuma palavra pra ser dita, nenhum dinheiro, nenhum coração. Eu gostaria de gritar pro mundo que alguém entrou na minha vida e me levou aos poucos, queria muito dizer que fui enganado, traído ou usado. E como eu queria viu? Só que não é isso, não foi isso, não foi nada. Eu não sei o que foi, como se define algo que só viveu na essência? Como eu grito pro mundo que eu imaginei você e como num passe de mágica você sumiu? Fala pra mim como?
  Eu assinei minha própria sentença, eu assumi cada consequência deste relacionamento, eu fechei meus olhos e mergulhei de ponta. Agora estou pagando por isso. Não procuro culpados, eu já me declarei um. Declarei-me porque eu sou culpado. Então me escute dançar sobre meu próprio coração, me veja recolher-me pelo chão, me observe arrastando os meus pelos os chãos sujos das ruas à noite. Eu assumi que poderia te amar incondicionalmente, mas primeiro eu precisava me amar, nem que seja um fio de amor, mas ainda sim, um pouco de amor próprio e eu evitaria toda cena e essa maldita sentença que assinei. E minha pena é ‘viver você’ eternamente.   

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